Saudade tenho de ti, do que nunca aconteceu. Saudade dessas mãos que não conseguiram tocar minha pele, e apesar desta lembrança, as vejo em sonhos que não quero despertar, e as invento, e as amarro a mim e ponho nelas cadeados, e jogo as chaves fora do sonho, e sonho, e estou em teu sonho e sonhamos juntos, e me diz tudo o que nunca me disse, e eu te peço que não te cales, que não pares, porque tenho saudade dessas palavras tuas, que são minhas e que não nasceram por covardes, e as prendo, as grudo em tua boca e te beijo, e as engulo e mudo meu nome, porque este corpo já não é meu, me trai, não quer ser se não o toca, e porque sei que só é distinto nos teus lábios.
Te beijo, agarro teu pescoço e me penduro nele, e te digo que sou teu amuleto. Saudade tenho de não ser tua sorte, teu principio e teu fim, só isso que está no meio, e que agora só quer o que pudeste me dar. E penso nesse primeiro encontro que poderia ser tão diferente se a saudade tivesse me falado e tivesse me dito, que esse momento negado, seria mil vezes reconstruído com dor e arrependimento, e sofro e quero abrir os olhos e ver-me nos teus, e te dizer que sim, que sim, que não me importa nada, que vou contigo, que venho, que fico, que é melhor morrer no intento, que viver com a saudade de não haver tentado.
O tempo é distância, os dias pesam em meus cabelos e aparecem brilhos prateados que deixam a lua quando você a vê e eu a vejo, e me consola a ideia que este olhar seja solitário. Quero ser egoísta ainda que tenha de você e você de mim, as saudades de um amor que nos negamos.
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